Alguns motoristas de bonde e ônibus franceses têm de suportar temperaturas de até 50 graus.
Joey Barge, um jovem de 20 anos de Buckinghamshire, no Reino Unido, tentou ir trabalhar de short: “Se as mulheres podem usar vestidos e saias, posso usar um short elegante como este?”. Pouco depois, dava a resposta: “Não. Acabam de me mandar voltar para casa”. Barge, então, decidiu por um vestido para voltar ao escritório. Contou a história pelo Twitter, onde respondeu a perguntas sobre a veracidade da história com uma foto em sua mesa de trabalho (pelo menos uma mesa de trabalho em um escritório, já que o jovem não mencionou o nome da empresa):
“Se as mulheres podem usar vestidos e saias no trabalho, posso usar short?”.
“Resposta: Não. Acabam de me mandar voltar para casa no trabalho”.
“Vejamos os que eles acham melhor”.
“Até daqui a pouco, Twitter. Estarei em casa em breve”.
“Tudo bem, mas este sou eu sentado no escritório com o vestido”.
“Me perguntaram se eu não estava colorido demais e se não queria voltar para casa para trocar de roupa, porque iriam autorizar os shorts por causa do meu protesto”, contou o jovem ao jornal britânico Daily Mail. “Eu disse que não, que tinha prazer em ficar”. O EL PAÍS entrou em contato com Barge, mas ainda não recebeu resposta. O último tuíte do jovem é a foto de uma mensagem na qual seus superiores suspendem a proibição a apenas um tipo de short: os de comprimento 3/4. Não sabemos se isso foi um prêmio ou um castigo.
“Vitória parcial?”. A mensagem: “Devido às temperaturas extremamente altas, concordamos que os homens podem vestir shorts no comprimento ¾. Estes devem ser [palavra cortada] e sem cores chamativas – somente preto, bege ou azul-marinho. Por favor, comunique-se se tiver alguma dúvida sobre este ou outros aspectos do código de vestimenta. Obrigado”.
Iniciativa semelhante na França
O protesto de Barge não foi o único do gênero: os motoristas da Semitan, a empresa de transportes de Nantes, na França, precisam comparecer ao trabalho de calça comprida, apesar do calor. Com a alta das temperaturas, os membros de um dos principais sindicatos franceses decidiram protestar contra a norma. Se não puderem usar short, vão usar outra peça curta que, sim, é autorizada: a saia.
As saias são permitidas, mas os shorts, não. Exigências de trabalho absurdas quando faz calor.
Desde terça-feira, cerca de meia dúzia de motoristas de ônibus e bondes assumiram o volante usando saias pretas, iguais às que suas colegas mulheres podem usar. “Durante as ondas de calor, por trás dos para-brisas chegamos a temperaturas perto dos 50 graus”, explica um porta-voz da CFDT à rádio francesa France Bleu. “Como não temos ar-condicionado, é insuportável. As condutoras podem usar saia, mas não os homens”. A Semitan, por enquanto, não cedeu ao protesto. “É difícil para eles, mas são só alguns dias do ano, não estamos no sul”, defendeu o diretor da empresa, em declarações ao jornal francês 20 Minutes. “Esta situação não pode justificar o custo adicional providenciar um novo uniforme a todos os funcionários’. O sindicato lançou, nesta quinta-feira, uma proposta formal que será discutida com a direção na semana que vem.
Que vistam saia
Os condutores suecos realizaram em 2013 um protesto idêntico pelo mesmo motivo, mas naquela ocasião a empresa de transportes, Arriva, cedeu. Mas à sua maneira: a companhia anunciou que os shorts continuavam proibidos, mas que não se opunha a que os motoristas usassem saia. “Nossa lógica é que a pessoa precisa se ver decente e adequado ao representar a Arriva, e os atuais uniformes atingem esse objetivo”, explicou o diretor da empresa a um jornal local, que depois foi repercutido pela rede britânica BBC.