Homem é acusado de ter sequestrado Alessandra Ramos, de 16 anos, encontrada no Maranhão
Por: O Liberal - Polícia
A Polícia
Civil ouviu ontem (17) Evaldo Costa da Silva, de 39 anos e Alessandra
Ferreira Ramos, de 16 anos, em depoimento. A versão apresentada por eles
é distinta. E no fim, o homem suspeito de levar a jovem foi indiciado
apenas por induzir a adolescente a fuga. Ele permanece preso e foi
recolhido para a Central de Triagem da Cremação.
A delegada Adriana Magno, da Divisão de Atendimento ao Adolescente
(Data), tomou os depoimentos, da adolescente de 16 anos e de Evaldo
Costa da Silva, 39, que foi preso ao lado da garota. As oitivas foram
realizadas na sede da Delegacia-Geral, em Belém.
O depoimento da adolescente ocorreu durante a manhã de ontem. E foi
mais longo. Durou cerca de quatro horas. Os detalhes do que a jovem
revelou à polícia não foram divulgados. No entanto, Alessandra já havia
dito que desde que ele a apanhou em frente ao Sesi (de onde
desapareceu), em Ananindeua, Evaldo contou que estava sendo perseguido
por uma milícia. E que estavam atrás dele para matá-lo e que a jovem
também corria risco de vida pois, segundo Alessandra, Evaldo teria dito
que a milícia achava que os dois tinham um caso e que ela e a família
podiam ser assassinados. Ela aceitou ser levada por ele porque temeu
pela segurança dela e dos familiares.
A jovem ficou desaparecida por 22 dias e foi localizada pelo próprio
pai no interior do Maranhão, no último dia 15. A adolescente deve ser
encaminhada para passar por atendimento psicossocial, além de exames de
sexologia forense, que atesta se a garota foi estuprada, ou não, e de
lesão corporal.
Depois da jovem, foi a vez de Evaldo depor. O depoimento dele teve
início por volta de 15 horas e foi concluído perto de 19 horas. No final
o acusado decidiu falar com a imprensa. O homem negou o sequestro da
adolescente. Ele revelou que os dois tinham um relacionamento e
planejaram juntos a fuga. “Eu decidi falar porque o meu desejo agora é
limpar a minha imagem depois de ter sido acusado de estupro e sequestro.
Essa versão de que estava sendo perseguido por milícia é mentira. Foi
uma história apresentada para me incriminar. Mas o que aconteceu na
realidade é que nós sempre tivemos um relacionamento e planejamos juntos
ter um vida longe de todo mundo. Ela me disse que queria viver comigo”,
afirma o acusado.
“ÉRAMOS UM CASAL”
Os dois participavam do mesmo grupo da igreja. Evaldo é padeiro e
músico. Quando começaram a se relacionar, a jovem revelou que tinha um
relacionamento também com um professor da escola. “Ela me disse que
estava com medo de que os pais descobrissem que ela tinha essa relação
com esse professor. Também me contou que em casa o relacionamento era
rígido com os pais. Por qualquer coisa o pai a privava de usar o
celular. Até que um dia ela me disse que estava disposta a viver
comigo”, diz.
O acusado também revelou que foi até a escola da jovem em algumas
ocasiões, por ciúme. Ele queria ter certeza de que ela não estava com
outros. “No início eu sabia que ela também ficava com o professor. Mas
com o tempo fui gostando dela e passei a ter ciúmes. Nós tivemos, sim,
relações sexuais, porque éramos um casal. Ela tem 16 anos, mas tem uma
mente evoluída”, explica Evaldo.
Após os depoimentos, a delegada titular da Divisão de Atendimento ao
Adolescente, preferiu não se pronunciar sobre o caso. Ela informou
apenas que Evaldo foi iniciado por induzir adolescente a fuga. Uma
conduta prevista no Código Penal, com pena de até um ano de detenção ou
multa. A delegada pretende concluir as investigações até antes do
próximo fim de semana e remeter os autos do inquérito à Justiça.
Ontem à noite, ele foi transferido da Delegacia-Geral para a Central
de Triagem da Cremação, onde vai permanecer recolhido em cumprimento a
mandado de prisão temporária de cinco dias com data de expiração na
quinta-feira. Durante a divulgação da imagem de Evaldo, durante o
período em que a jovem estava desaparecida, foi publicado que ele teria
antecedentes criminais. Ele contesta. Afirma que nunca foi preso. E que
trabalhou a vida inteira e foi até vítima de trabalho escravo. Não houve
confirmação até a noite de ontem se Evaldo tinha ou não passagem pela
polícia.