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sábado, 13 de janeiro de 2018

Comércio em Belém: saudade e mudanças no consumo dos paraenses

 Reprodução
Nos 402 anos da capital paraense, leia o especial do Portal ORM sobre algumas das nostálgicas lojas extintas.

Quem nunca sentiu saudade daquilo que nem mesmo viveu? Nostalgia é um sentimento que invade o coração de qualquer pessoa, independente da idade ou das experiências de vida de qualquer um. É comum sentirmos falta dos “bons tempos” quando ouvimos o saudosismo na voz daqueles que o viveram de fato, querendo possuir uma máquina do tempo e retornar ao passado. É por causa dessa saudade toda que o Portal ORM, em homenagem aos 402 anos de Belém, produziu essa reportagem sobre a Belém Antiga, resgatando um tema que ainda traz memórias boas aos belenenses e encanta os ouvidos das novas gerações.

Belém é uma cidade com uma história intrinsecamente ligada à atividade comercial. Desde sua fundação, em 1616, em uma área margeada pelo Igarapé Piri, que deságua na Baía do Guajará, Belém do Grão-Pará sempre teve uma posição estratégica, tanto para a defesa territorial quanto para rota de escoamento de produtos da região.

Nas margens do Igarapé, se estabeleceu o ponto de chegada e saída dos barcos e navios que penetravam o Rio Amazonas ou se dirigiam ao mar. Em 1653, foi construída a Casa de Alfândega, criada com objetivos de fiscalizar tudo o que se fazia no porto de Belém, que já era conhecido como “lugar de ver o peso”, nome que, até hoje, persiste.

Por sua proximidade do Mercado do Ver-o-Peso (que teve seu porto oficialmente construído em 1808) o bairro da Campina assumiu o papel de centro comercial de Belém, permanecendo assim mesmo séculos depois. A principal rua da área comercial, chamada “Rua dos Mercadores”, depois foi renomeada para “Rua da Cadeia”, por causa do presídio que ali se encontrava.


Foi só mais tarde que a importante via do centro passou a ser chamada de rua Conselheiro João Alfredo, em homenagem ao ex-presidente da província do Pará. Nome que mantém até os dias de hoje. No século 19, a Rua dos Mercadores possuía de tudo para atender os cidadãos de Belém, uma vila pequena que começava a se tornar uma cidade importante.

Rua João Alfredo em 1906.  Fonte: Nostalgia Belém

É interessante perceber como a João Alfredo foi “se espalhando” e outras lojas e pequenos comércios começaram a dividir espaço com as lojas magníficas e grandes fábricas. Mais tarde, a partir dos anos 50 e 60, o passeio da João Alfredo era considerado um dos principais pontos de encontro da cidade: era comum que famílias inteiras se vestissem com suas melhores roupas e se perfumassem para andar pelas calçadas das ruas de pedra, admirando as vitrines dos comércios. Aos sábados, todo belenense da alta sociedade queria ir dar uma volta “Lá embaixo”.

Rua João Alfredo em 1960. Fonte:  Revista Belém 350 anos, de 1966/Belém Antiga

Mais alguns anos foram se passando e, assim como as marcas da Belle Epoque foram desaparecendo e virando história, o centro comercial de Belém (já conhecido apenas como “Comércio”) foi se popularizando cada vez mais. A partir do final dos anos 70, o centro comercial de Belém é ocupado por prédios cada vez mais modestos, com lojas e estabelecimentos atendendo às camadas populares, em contraste ao luxo e glamour das décadas anteriores. Os vendedores ambulantes e os bons e velhos camelôs viraram a nova cara do Comércio.

A partir dos anos 60, outro fenômeno veio mudar os hábitos de consumo do paraense. Grandes lojas de departamento começaram a ver em Belém um mercado promissor para seus negócios. Empresas nacionais como a extinta Mesbla se estabeleceram e permaneceram em Belém por muitos anos, até a saída definitiva do mercado, no final dos anos 90. O paraense passou a abandonar um pouco o hábito de frequentar o centro e suas pequenas lojas e começou a conviver em um ambiente mais sofisticado, onde vários produtos poderiam ser encontrados em um único só lugar, a preços mais competitivos.


Loja Mesbla em 1960. Fonte: Revista Belém 350 anos (1966)/Fragmentos de Belém

Anúncio da Lobrás no jornal Província do Pará de setembro de 1967. Fonte: Belém Antiga
A Mesbla, por exemplo, oferecia desde de roupas até automóveis, e funcionava onde hoje existe um shopping center na avenida Padre Eutíquio, bairro de Batista Campos, devido ao tamanho de suas instalações. Outra grande loja que foi um sucesso comercial foram as Lojas Brasileiras, ou simplesmente “Lobrás”, também chamada de “4.400” ou “4 e 4”pelos clientes. Roupas, esmaltes, eletrodomésticos, utensílios para o lar e muitos outros produtos, a Lobrás ficava na avenida Portugal, ocupando praticamente um quarteirão inteiro. Um verdadeiro ponto de encontro para o belenenses, que já encaravam o ambiente como um shopping center. Quem nunca jogou uma moeda e fez um desejo para os poraquês da Lobrás, que ficavam em uma forte aberta bem no meio da loja?





Loja Mesbla na travessa Padre Eutíquio. Fonte: Nostalgia Belém/Ana Flávia Feijó
Hoje, Belém abraçou de vez a cultura dos shoppings centers, com cinco grandes centros comerciais na capital e outros se espalhando pela região metropolitana e interior do estado. Mas é interessante perceber como os antigos comércios ainda persistem. O Comércio se mantém firme como uma opção de compras para o paraense, tanto para o morador da capital como para o visitante do interior. O Ver-o-Peso ganhou status de patrimônio histórico, ainda mantendo sua utilidade de comércio varejista, oferecendo roupas da moda e banhos de ervas, unindo a modernidade à cultura ancestral da Amazônia. Tudo que podemos esperar do futuro é que o velho e novo continuem andando de mãos dadas, e que as lojas com ar condicionado e cartão de crédito convivam em harmonia com a pechincha dos vendedores ambulante de “Lá embaixo” e, mais do que nunca, que não destruam o Ver-o-Peso para construir um shopping center.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Jovem desentende-se com a mulher e mata o filho em Tete

MOÇAMBIQUE - Um homem de 33 anos de idade encontra-se a ver o sol aos quadradinhos, no distrito de Mágoè, província de Tete, acusado de estrangular o próprio filho de quatro anos de idade, após uma discussão com a sua mulher.

O crime aconteceu no último domingo (07) e o indiciado, identificado pelo nome de Charles Filipe, mostrou-se arrependido, alegando que estava bêbado.

Ele tirou a vida do filho num momento de fúria supostamente porque a sua mulher abandonou a casa, na passada sexta-feira (05), sem se importar com a criança.

Aliás, antes de assassinar o miúdo, Charles espancou-o até severamente. A Polícia da República de Moçambique (PRM) naquele ponto do país condenou o acto e disse o cidadão será responsabilizado pelos seus actos.

A Verdade

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Viagem Tocantins x Pará | parte 1

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Veja o vídeo abaixo:

WebTV Marudá.



sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Mega: bilhetes premiados da mesma lotérica eram de jogos simples

Lotérica Parelheiros, em São Paulo: O sorteio da Mega da Virada foi o que teve o maior número de bilhetes premiados, 17 ao todo
Reprodução O sorteio da Mega da Virada foi o que teve o maior número de bilhetes premiados, 17 ao todo
Quanto mais números o jogador apostar no mesmo bilhete, maiores são suas chances de ser sorteado na Mega-Sena. Mas os donos das três apostas premiadas na Mega da Virada feitas na mesma lotérica de Parelheiros, na zona sul de São Paulo, fizeram jogos simples, com apenas seis dezenas.

Segundo funcionários da lotérica, os jogos simples foram feitos no caixa de atendimento preferencial, que atende idosos, gestantes, mães com crianças de colo e deficientes.

Apesar da curiosidade em saber quem são os sortudos, os donos dos bilhetes premiados vendidos na Lotérica Parelheiros ainda não apareceram por lá para conferir o resultado. Nem devem aparecer, já que prêmios acima de 1.903,98 reais são pagos exclusivamente nas agências da Caixa.

Três dos dezessete bilhetes premiados na Mega da Virada saíram da Lotérica Parelheiros. Emerson Corrêa Borba, um dos sócios da lotérica, diz que foi a primeira vez que o prêmio da Mega saiu para um bilhete do estabelecimento.

“Fiquei sabendo que os prêmios tinham saído na lotérica porque logo cedo tinha um representante da Caixa lá. Ele deu instruções de como orientar o ganhador, caso ele fosse conferir o sorteio na lotérica”, afirmou Emerson.

A recomendação da Caixa é que o ganhador se dirija a uma das agências do banco para resgatar o prêmio. O nome e o CPF devem ser anotados no verso do bilhete. Em caso de bolão, o nome de todos os participantes e o CPF também devem ser escritos no verso.

Segundo ele, um dos bilhetes premiados pertence a um grupo de amigos que fez um bolão. “Os outros dois, não dá para saber se foi aposta de mais de um jogador ou uma única pessoa.”

O dono da lotérica afirma que o fato de a lotérica ter vendido três bilhetes premiados melhorou o movimento. “As pessoas passam a acreditar que é possível ganhar, sabem que é verdade que a Mega distribui prêmios.”

São Paulo foi o Estado com o maior número de bilhetes ganhadores da Mega da Virada, seis ao todo. Além dos três de Parelheiros, dois saíram de Guarulhos e outro da capital.

O sorteio também teve dois ganhadores de Minas Gerais (Carmo do Cajuru e Contagem), três da Bahia (Urucuca, Prado e Cruz das Almas), dois do Paraná (São João do Triunfo e Rio Azul), dois do Rio de Janeiro (Seropedica e Rio de Janeiro), um de Belém (PA) e um de Brusque (SC).

Segundo a Caixa, cada aposta premiada vai receber 18.042.279,04 reais. Os números sorteados foram 03, 06, 10, 17, 34, 37. O prazo para resgatar o prêmio é de 90 dias. Depois disso, o dinheiro é destinado para o Fies.

Veja

'Chorava todos os dias': o lado obscuro da vida dos lutadores de sumô no Japão

Harumafuji em celebrações de Ano Novo em Tóquio: Campeão de sumô teve de se aposentar após agredir um jovem lutador em um bar
 Getty Images Campeão de sumô teve de se aposentar após agredir um jovem lutador em um bar
De pé em meio ao frenesi dos flashes disparados em sua direção, o lutador anuncia com os olhos marejados sua aposentadoria imediata. "Desculpem-me do fundo do meu coração", ele diz após se curvar e permanecer nessa posição por um longo tempo.

Harumafuji é um grande campeão do sumô, conhecido em japonês como yokozuna. Em 25 de outubro, ele agrediu um lutador mais jovem em um bar, fraturando seu crânio, um caso que foi alvo de um inquérito policial e permaneceu nas manchetes por semanas.

O atleta, de 33 anos, chegou a pedir desculpas pelo ocorrido e decidiu se aposentar do esporte, mas foi acusado formalmente de agressão na última quinta-feira. Ele deve pagar uma multa, em vez de ser julgado em um tribunal.

De acordo com relatos, Harumafuji teria ficado furioso quando tentou dar conselhos ao rapaz e este continuou olhando o próprio celular.

O incidente reacendeu uma discussão sobre o esporte nacional do Japão, e não é a primeira vez que algo assim acontece. Há uma década, a reputação do sumô entrou em crise quando um rapaz de 17 anos que treinava para ser lutador morreu após levar uma surra com uma garrafa e um taco de baseball.

Os agressores eram seus toshiyoris, ou anciãos, como são chamados os ex-lutadores que assumem posições de autoridade, podendo ser treinadores e gerentes de um ginásio de sumô.

Em 2010, o esporte levou um novo golpe com a descoberta do envolvimento de um atleta e de um treinador em um esquema ilegal de apostas em partidas de baseball que teria ligações com a máfia japonesa, a yakusa.

No mesmo ano, o mentor de Harumafuji, o grande campeão mongol Asashoryu, deixou o sumô após se envolver, embriagado, em uma briga do lado de fora de uma boate na capital do país, Tóquio. Depois, vieram à tona provas da combinação prévia de resultados na segunda divisão do esporte.

Seriam sinais de que o sumô está em declínio e que a disciplina que um dia o definiu está em decadência? Ou será simplesmente que, após 15 séculos, o lado obscuro do esporte está finalmente vindo à tona?

'Os mongóis estão chegando'

Lutadores de sumô em Osaka: Ginásios são regidos por uma hierarquia bem rígida (Foto: Getty Images)
BBC Ginásios são regidos por uma hierarquia bem rígida (Foto: Getty Images)
Lutadores de sumô em Osaka: Ginásios são regidos por uma hierarquia bem rígida
Uma forma de responder essas questões é olhar para a origem do esporte e para o duro regime de treinos ao qual os lutadores são submetidos.

Ainda que o sumô tenha surgido a partir de rituais de templos japoneses entre 1,5 mil e 2 mil anos atrás, o país não domina mais o circuito internacional da luta. Até a aposentadoria de Harumafuji, havia quatro grandes campeões. Três deles, inclusive o do agora aposentado Harumafuji, eram da Mongólia.

Rússia, Havaí, Samoa e países do leste europeu costumam enviar lutadores promissores para os ginásios de sumô do Japão, locais em que mestres treinam adolescentes na arte que um dia foi a grande atração das cortes imperiais da nação asiática.

O sumô não é apenas um esporte no país. É uma cerimônia que abre uma janela para o passado, calcada na tradição e na essência do que é ser japonês. Rituais rígidos estabelecem um código de conduta, e ser nascido no exterior não é desculpa para não receber um tratamento tão duro quanto o conferido aos nativos.

Todos os lutadores devem usar trajes tradicionais em público, inclusive um coque como o de samurais. Nas competições, o triunfo e o fracasso devem gerar a mesma reação impassível. Em conversas, o lutador deve ser um modelo de humildade e falar suavemente, comportando-se com hinkaku, ou dignidade. O status é tal que estranhos se curvam quando cruzam com eles na rua.

Cada um dos 45 centros de sumô no país aceita treinar apenas um estrangeiro, ou gaikokujin, de cada vez, por ordem da conservadora Associação de Sumô do Japão. E, quando conseguem chegar lá, normalmente aos 15 anos e com no máximo 23, devem comer, falar, vestir e respirar como japoneses.

Cozinhando, limpando – sem nada para o café da manhã

Lutador come: Os lutadores não tomam café da manhã e precisam dormir logo após o almoço (Foto: Getty Images)
(Foto: Getty Images)© BBC Os lutadores não tomam café da manhã e precisam dormir logo após o almoço
Lutador come: Os lutadores não tomam café da manhã e precisam dormir logo após o almoço 

"(Os lutadores) São como soldados recebendo treinamento básico", explica Mark Buckton, um ex-comentarista e colunista de sumô do jornal Japan Times. "São eles que cozinham, limpam, descascam batatas... E todos aprendem japonês."

O ginásio de sumô é regido por uma hierarquia rigorosa, com um mestre – um ex-lutador – no comando. "Não é como no futebol, em que você pode se transferir de um time para outro", diz Buckton à BBC.

"Você faz parte de um ginásio para o resto da vida. A única forma de sair dele é abandonando o sumô."

Os lutadores deixam o cabelo crescer, normalmente até o meio das costas, para que o cabelereiro do ginásio possa fazer um penteado tradicional. Só lavam o cabelo a cada uma ou duas semanas, e passam nele bintsuke, um tipo de cera feita a partir de soja com um cheiro adocicado que acompanha o lutador aonde ele vá.

As refeições, geralmente compostas de um caldo quente rico em proteína com vegetais, são tão controladas quanto o regime de treinos, em que os jovens passam horas tentando empurrar seus enormes colegas em um círculo coberto por areia. "Eles comem muito. Mas o crucial é ir dormir logo após de comer", diz Buckton.

"Eles não tomam café da manhã. Todo o treinamento ocorre pela manhã. Eles almoçam quase o mesmo que uma pessoa normal, talvez um pouco mais. Mas comem isso com uma grande quantidade de arroz. Depois, vão para a cama e só acordam no meio da tarde. Comem de novo à noite e vão dormir cedo, porque se levantam às 5h, 6h da manhã para treinar."

Ginásios mais rigorosos costumam gerar lutadores melhores? "Com certeza, com certeza", afirma o especialista.

Sem salário, namoradas ou telefones
Há seis competições profissionais de sumô por ano, todas no Japão. Um lutador ganha ao forçar seu oponente a sair do círculo ou ao fazê-lo tocar o chão com alguma parte do corpo que não os pés. Conforme acumula vitórias, o lutador sobe no ranking.

Há cerca de 650 lutadores nas seis divisões, mas apenas cerca de 60 disputam a primeira. Eles não recebem salários nas quatro divisões inferiores. Um lutador talentoso pode levar de dois a três anos para começar a receber um salário.

Quando há pagamento, ele é bom: cerca de US$ 12 mil (R$ 39,6 mil) por mês na segunda divisão, um valor que pode chegar a US$ 60 mil (R$ 198 mil) na elite do esporte, incluindo contratos de patrocínio.

Lutador em shopping em Israel: Lutadores de sumô devem se comportar segundo rígido código de conduta mesmo fora do ginásio (Foto: Getty Images)
(Foto: Getty Images)© BBC Lutadores de sumô devem se comportar segundo rígido código de conduta mesmo fora do ginásio (Foto: Getty Images)
Lutador em shopping em Israel: Lutadores de sumô devem se comportar segundo rígido código de conduta mesmo fora do ginásio.

Os lutadores mais jovens devem usar um traje de tecido de algodão fino, o yukata, e geta, ou sandálias de madeira, mesmo no auge do inverno. Dirigir não é permitido, mas os melhores lutadores têm motoristas, algo que é tanto um símbolo de status quanto uma necessidade, já que seu tamanho dificulta a vida ao volante.

Celulares e namoradas são tecnicamente proibidos abaixo das duas primeiras divisões, ainda que haja uma tolerância crescente com isso. Mulheres não podem morar nos ginásios, e lutadores não podem se casar ou morar em outro local com sua namorada até atingir ao menos a segunda divisão.

Caso se machuque e caia para a terceira divisão, o lutador deve deixar sua mulher e filhos para trás e voltar a morar no ginásio.

O que acontece se os jovens não atenderem os padrões dos mestres ou criticarem o regime quase monástico do ginásio? "Ah, eles são terríveis", diz Buckton. "Antes do rapaz ser morto em 2007, havia espancamentos frequentes. Você via os caras com marcas nas costas e na parte de trás das pernas por não se esforçarem o suficiente."

No ano passado, segundo relatos, um lutador recebeu quase 32,4 milhões de ienes (R$ 946,3 mil) de indenização após de ter sido maltratado diariamente e ficar cego de um olho.

Depois que Takashi Saito, de 17 anos, foi espancado até a morte por ter ameaçado deixar seu ginásio, o grande campeão mongol Hakuho relatou experiências chocantes de surras que chegam a durar 45 minutos.

"Você pode olhar para mim agora e ver um semblante feliz, mas, na época, eu chorava todos os dias", disse.

Hakuho é aplaudido em torneio: Campeão de sumô quebrou silêncio sobre as surras que teve de aguentar, e treinador também denunciou agressões | Foto: AFP/Getty Images
| Foto: AFP/Getty Images© BBC Campeão de sumô quebrou silêncio sobre as surras que teve de aguentar, e treinador também denunciou agressões 

Hakuho é aplaudido em torneio: Campeão de sumô quebrou silêncio sobre as surras que teve de aguentar, e treinador também denunciou agressões.

"Os primeiros 20 minutos são muito dolorosos, mas, depois, fica mais fácil, porque mesmo que você esteja apanhando, começa a sentir menos dor. Claro que chorei e, quando meu ancião disse que isso era para meu próprio bem, chorei de novo."

Quebrando o silêncio
Mas por que - em um esporte que submete seus maiores talentos a anos de punição corporal - Harumafuji foi forçado a se aposentar após agredir um lutador mais jovem? "Bem, ele bateu no rapaz em um bar...", afirma Buckton.

O escritor Chris Gould, que acompanha o universo do sumô há três décadas, diz que o "pacto de silêncio" no esporte é bem poderoso.

"Há uma consistência impressionante em como o treinamento e as punições são aplicados em diferentes ginásios e ao longo do tempo. Isso significa que, quando ocorrem incidentes como o de Harumafuji, não se fala sobre o assunto para preservar o grupo", diz Gould.

No episódio mais recente, o técnico do lutador agredido foi quem fez a denúncia e defendeu mudanças no esporte. "É interessante ver um técnico ser criticado por quebrar o código de silêncio. Na maioria dos esportes, ele seria celebrado como um herói."

Lutador e seu mestre, Isegahama: Harumafuji fez um pedido público de desculpas por causa de seu comportamento | Foto: AFP
 Foto: AFP© BBC Harumafuji fez um pedido público de desculpas por causa de seu comportamento

Lutador e seu mestre, Isegahama: Harumafuji fez um pedido público de desculpas por causa de seu comportamento.

Com esse tipo de atitude, é possível esperar que jovens continuem se interessando pelo esporte?

Os dias em que a promessa de duas boas refeições diárias atraía jovens de famílias pobres do Japão rural para o sumô ficaram no passado, e esportes como o futebol e o baseball oferecem salários melhores sem o risco de sofrer violência.

Mas, apesar de tudo isso, a popularidade do sumô vem crescendo. Em janeiro, foi consagrado o primeiro campeão japonês em quase duas décadas, para a alegria dos fãs. A Associação de Sumô do Japão também tem feito campanhas publicitárias para voltar a tornar o esporte atraente.

Na visão de Chris Gould, a previsões sobre a ruína do sumô foram prematuras. "Ainda não é hora de entrar em pânico quanto ao futuro. Mas a associação precisa divulgar o que o sumô defende ou não, seus valores fundamentais. A não ser que isso aconteça, o número de grandes lutadores em potencial que nem chegam a entrar para o esporte só vai continuar a crescer."

BBC Brasil

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